segunda-feira, 22 de julho de 2013

PLANEJAMENTO PASTO PARA EQUINOS – Parte 1

PLANEJAMENTO PASTO PARA EQUINOS – Parte 1

O mês de maio está iniciando e já sentimos os primeiros efeitos da nova estação. O mês de abril nos proporciona aquelas madrugadas e manhãs frias, tardes quentes com céu totalmente aberto com um azul muito intenso.
As plantas começam a interpretar as informações vindas da natureza e emitem suas inflorescências para garantir nova vida assim que as chuvas retornarem.
Nesta hora quem trabalhou de forma correta durante o verão e acumulou forragem para passar o inverno esta tranquilo, e quem nada ou pouco fez, inicia a fase de preocupação, que só terminará assim que chegarem as águas. Se der sorte, as chuvas retornam em setembro, porém, o clima é caprichosos e às vezes elas vêm em outubro, quem sabe só em novembro.
Para evitar este tipo de situação temos que trabalhar agora para que ano que vem nós não passemos pelos mesmos problemas.
Primeiros passos: pesar o capim existente na propriedade, que mesmo não sendo de qualidade é o único que temos dentro da fazenda para passar este primeiro ano.
Como pesar o capim – marcar áreas de 1m² e de dentro dela retira todo o capim existente, pese, (para cada 1 ha, tirar dez amostras), após retirar e pesar as amostras, tirar a média dos pesos, por fim, multiplica-se o peso médio das amostras pelas áreas existentes.
Ex: o peso médio das amostras é de 20 kg, o tamanho da área é de 12.000 m², nº de animais a serem alimentadas 30 éguas, o consumo médio por égua é de 20 Kg de capim, 5 kg de feno de boa qualidade e 5 kg de ração.
10 kg capim m² X 12000m² de área de capineira = 120.000 kg de capim.
20 kg de capim por égua X 50 éguas = 1000 Kg / capim / dia
120.000 Kg de capim / 1000 / capim / dia = teremos capim para 120 dias.
Após ter determinado o tamanho do problema que teremos que passar no inverno, iniciar o planejamento para o ano seguinte.
Qual gramínea escolher?
As propriedades do sul e centro sul fluminense, em sua maioria tem como cobertura vegetal Brachiaria para pastejo e Napier para corte.
As Brachiarias não são bem aceitas pelos cavalos e trazem problemas de intoxicação e o napier é muito bom, porém quando precisamos dele durante a seca ele esta fibroso. O ideal é substitui a Brachiaria. Mas qual forrageira utilizar?
Gramíneas e leguminosas nutritivas, palatáveis e não tóxicas para cavalos.
1.      Tifton 85 – excelente relação colmo /folha, tolera bem frio, bom teor nutritivo, indicado para fenação e pastoreio,
2.      Jiggs - Suporta bem os períodos de estiagem e apresenta crescimento superior aos demais cultivares de grama bermuda durante esses períodos.
3.      Coast Cross - Apresenta bom valor nutritivo (teor protéico: 12 a 13%), alta produção (20 a 30 t/ha/ano de matéria-seca) e alto nível de digestibilidade (60 a 70%).
4.      Tanzânia e Mombaça – capins cespitosos, nutritivos de fácil manejo, não toleram áreas enxarcadas. O mombaça é mais produtivo que o Tanzânia, isso em cerca de 10 a 15%; entretanto, o Tanzânia tem algumas vantagens sobre o mombaça:
altura de entrada dos animais mais baixa, em torno de 70 cm, enquanto no mombaça seria de 90 cm; ruminantes tem predileção por pastejar com a cabeça um pouco mais baixa. o mombaça tem uma relação folha/haste inferior a do Tanzânia, além de apresentar lignificação mais rápida destas hastes e maior altura das mesmas
5.      Aruanã – da mesma família do Tanzânia e do Mombaça e uma gramínea cespitosa, de porte médio, proporciona boa cobertura do solo devido a seus colmos finos e flexíveis que produzem raízes quando em contacto com o solo, permitindo a formação de novas touceiras. A época ideal para planejar plantio é nos meses de abril, maio e junho.
Determinar a área a ser trabalhada, medir o terreno com aparelho de GPS, (pode-se medir com a trena, porém é muito demorado e com enorme margem de erro).

Após medição da área determinar a fertilidade do solo o ideal que seja feita nos meses de abril mai junho. Por que?
1.      Os laboratórios estão vazios os resultado das amostras de voltam rápido.
2.      Calcário e adubo estão nos menores preços do ano.
3.      As entregas dos insumos são mais rápidas.
4.      E na hora de calar e adubar os insumos já estarão na propriedade, não é necessário esperar a entrega.
Retirada de amostras de solo determinação da fertilidade e compra de insumos.
1.      Retirar amostras de solo, em número aproximado de 10 amostras por cada ha.
2.      Enviar as amostras para laboratório registrado
3.      Ao receber resultado da amostra determinar necessidade de calcário para correção do solo e de adubo.
4.      Levantar preço dos insumos dos insumos e o prazo de entrega
5.      O Calcário deve ser jogado no mínimo 30 dias antes do plantio, então se o planejamento for previsto para o inicio das águas o ideal é promover a calagem em junho.
6.      Após a calagem o terreno deverá se arado, após alguns dias da aração passar a grade para destorroar o terreno e matar os brotos de Brachiaria.
Após fazer a calagem devemos esperar as primeiras chuvas se na propriedade tiver irrigação o plantio pode ser feito a partir de agosto, pois, o dia já esta crescendo o calor já esta presente.

OBS > Se a gramínea a ser plantada for de semente deve ser comprada final de julho início de agosto para comprar semente nova.
Se a gramínea for plantada por muda abrir as valas em curva de nível primeiro e só depois comprar as mudas.

COMO PROCEDER COM O PLANTIO?

1.      Proceder a segunda gradagem, para nivelar o terreno, e matar as brotações da Brachiaria.
Abrir as leiras em curva de nível.

Colocar Super Fosfato Simples (conforme recomendação técnica), no fundo das valas. 
1.      Depositar a muda ou a semente no fundo da vala e passar o pé para cobrir com pouca terra por cima.
Caso não chova, procurar molhar.
   
Quinze a vinte dias após germinação, aplicar adubação de cobertura, (conforme recomendação técnica),
com Uréia e Cloreto de Potássio.
Sessenta a noventa dias após germinação proceder ao pastejo leve.
    Após pastejo, passar roçadeira para igualar o pasto: se for de Tifton ou similar a 5 cm de altura, se for Mombaça ou similar a trinta cm de altura e se for Napier ou similar a 60cm.
   Após roçada, aplicar adubação de cobertura (conforme recomendação técnica), com uréia. 
   No caso de tifton ou similar, aplicar herbicida seletivo para combater a Brachiaria.
  Os pastejos subsequentes, deverão ser: Tifton a cada 18 dias aproximadamente, Mombaça a cada 26 a 28 dias e Napier a cada 36 dias.


PRODUÇÃO DE METANO RUMINAL POR BOVINOS E AÇÕES MITIGADORAS (Parte 2 )

PRODUÇÃO DE METANO RUMINAL POR BOVINOS E AÇÕES MITIGADORAS

A VARIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE METANO NO RÚMEN

CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE FORRAGEIRAS DE QUALIDADE, MELHORAMENTO GENÉTICO E BEM ESTAR ANIMAL.
A emissão de CH4 proveniente da fermentação ruminal depende principalmente do tipo de animal, nível de consumo de alimentos, tipo de carboidratos presentes na dieta, processamento da forragem, adição de lipídeos no rúmen, suprimento de minerais, manipulação da microflora ruminal e da digestibilidade dos alimentos. Por essas razões, as indicações para a redução das emissões de CH4 pela pecuária estão ligadas a medidas que refletem na melhor eficiência produtiva.
O incremento na utilização de energia digestível na dieta é citado na literatura como a estratégia mais eficaz na redução da emissão de CH4 por unidade de produto (carne ou leite) pelos ruminantes.
 O fornecimento de dietas que possuam, em maior quantidade, carboidratos rapidamente digestíveis, a manutenção de altos níveis de ingestão, a utilização de forragens de melhor qualidade e o melhoramento genético dos animais, priorizando maior desempenho produtivo, constituem os principais recursos conhecidos e disponíveis para a diminuição da produção do metano ruminal.
Moss e Givens (2002) citam que o desempenho produtivo mais elevado dos animais pode reduzir a emissão de CH4 em função da redução no número de animais no sistema de produção, considerando ainda que, em criações que visam produção de carne, o acréscimo no desempenho dos animais resulta em menor permanência do animal no sistema, reduzindo a produção do gás durante o ciclo de vida.
Bem como, pode haver grande geração de óxido nitroso (gás de efeito estufa 250 vezes mais potente em reter calor que o CH4), oriundo do nitrato gerado pelos fertilizantes nitrogenados aplicados nas lavouras de grãos e pastagens, quando submetidos à condições anaeróbicas, durante períodos de chuvas ou de irrigação.
Dietas que proporcionam alta taxa de digestão reduzem a emissão de CH4, já que o alimento não permanece por tempo prolongado no rúmen AAFC, (2003).
Primavesi 2004, verificou que: embora não significativa, há tendência de maiores taxas de emissão de metano (g/kg de MS ingerida), aproximadamente 5%, por animais mestiços, em especial quando a ingestão de MS foi estimulada pela substituição com concentrado (aumentando a emissão de metano para aproximadamente 15%).

OBJETO GERENCIAMENTO DE PROPRIEDADES LEITEIRAS UM CASO DE SUCESSO NA PECUÁRIA LEITEIRA FLUMINENSE E PARA O MEIO AMBIENTE.

REALIDADE ATUAL

Segundo o IBGE, no Censo Agropecuário de 1995-1996, o rebanho bovino brasileiro foi o maior rebanho comercial do mundo. São cerca de 170.000.000 cabeças que produzem 50 kg metano/ cab /ano num total de 8.500.000.000 kg de metano entérico.
22.000.000 cabeças de vacas leiteiras X 50 kg metano/ vaca/ano = 1.100.000.000 kg de metano entérico produzidos pelas vacas leiteiras
Produção Brasileira de Leite = 27.000.000.000 /L /Ano
Média Produção Brasileira = 3,36 L /Vaca /dia.
Sendo que a produção de metano por litro de leite é de 0,04kg /litro de leite

PASTAGENS DEGRADADAS

Segundo Ana Maria Primavesi (1982), a pecuária convencional e extensiva, baseada no pastejo contínuo e geralmente com lotação acima da capacidade de suporte, fator que mais contribui para a degradação das pastagens e a pecuária super-intensiva, baseada em confinamentos dependentes de grãos que são mal convertidos por ruminantes, não são sustentáveis. Para alcançar a sustentabilidade, a pecuária precisa ter no seu alicerce o Manejo Sustentável das Pastagens, de forma a garantir de maneira sustentável, a qualidade e a quantidade de alimentação dos animais, que está na base da pirâmide da produção pecuária.
Estima-se que de aproximadamente 100 milhões de hectares de pastagens cultivadas do país, cerca da metade ou 50 milhões de hectares, já estejam seriamente afetadas pela degradação, (IBGE,1997). Devido a grande área de pastagens degradadas a taxa de lotação dos pastos brasileiros é muito baixa (0,8 UA /ha),  utilizando forrageiras de baixo teor nutritivo, baixa capacidade de lotação e pastejo contínuo, (Gomes et al 2003).

ANIMAIS DE BAIXO VALOR GENÉTICO
O rebanho brasileiro é constituído de 87% de animais de origem zebuína, com alta resistência ao meio e baixa produtividade leiteira, baixa persistência, baixa prolificidade. .
O rebanho zebuíno se adapta a condições de baixa qualidade alimentar e de conforto, porém, sua produtividade é baixa.
O rebanho Taurino responde a boa alimentação e conforto com alta produtividade. Com a implantação do Projeto de Gerenciamento Propriedades Leiteiras podemos substituir uma espécie pela outra, sem a elevação de custos Faria, (2007).

 A MUDANÇA
Produtividade, esta é a palavra chave para sobrevivência do produtor e do meio ambiente, produzir leite a baixo custo com qualidade e ambientalmente correto.            O caminho até a alta produtividade se inicia com planejamento onde, se tem uma visão global do empreendimento,
Transformar a produção de leite de meio de vida, (Custo operacional baixo; mão de obra familiar, margem bruta pequena, usada sobrevivência), em negócio, (Pode crescer remunera o trabalho do empresário, paga depreciação de bens, remunera o capital empatado e possibilita lucro), é o principal objetivo do serviço de extensão rural.                                                                                         
O primeiro passo é reformular o sistema de pastagem, visando a sustentabilidade da atividade por muitos anos. Junto com a melhoria da comida devem-se planejar áreas de descanso, água fresca limpa a disposição, manejo correto e sem estresse, boa sanidade, boa estrutura de rebanho, e por fim, boa genética para aproveitar todos estes benefícios e transformá-los em produção, produtividade e lucro financeiro para o produtor e para o meio ambiente mantendo o homem e sua família no meio rural sem agredir o meio ambiente evitando assim, mais seres humanos sendo deslocados para as periferias das grandes cidades, vivendo em condições sub-humanas agravando os problemas sociais e aumentando a poluição.

GEORREFERENCIAMENTO.
O primeiro passo para o planejamento será demarcar e mensurar a área. Isto é necessário para que se possa calcular a quantidade de adubo a ser aplicado, o número de piquetes a serem implantados, o número de animais a utilizar a área, a localização das sombras e “aguadas” (pontos de fornecimento de água) e avaliar se os resultados obtidos estão compatíveis com o esperado.

ANÁLISE DE SOLO.
O conhecimento do tamanho da área e da análise de solo determina-se: a deficiência mineral existente no terreno e é possível recomendar a quantidade de calcário e adubo para produzir grande quantidade de forrageira de alta qualidade por unidade de área, visando alcançar uma alta lotação animal por hectare, passando de 0,5 cabeças ha para alcançar entre dez e cabeças quatorze cabeças ha.
“O pecuarista tem que ser um excelente agricultor para colher em seu plantio de forrageiras muita carne e muito leite” (Camargo et al, 2007).

PASTEJO ROTACIONADO
O pastejo rotacionado foi desenvolvido por André Voisin na década de 1950. Esse tipo de pastejo foi desenvolvido para maximizar a produtividade por área Faria, (2007).
No método de pastejo rotacionado, a fisiologia da planta é respeitada e a gramínea só é colhida quando esta no ponto de maior concentração de proteína e energia. A pastagem é subdividida em piquetes, para não rebaixar excessivamente as forrageiras, os animais se alimentam por um dia em cada piquete, a seguir a área permanece por um certo tempo em descanso.

CONTROLE ZOOTECNICO E FINANCEIRO.
Com a instalação do projeto, é necessário, o controle de produção para se avaliar o funcionamento do sistema e se possa fazer os ajustes necessários.
Principais controles registrados: controle leiteiro individual mensal, controle leiteiro geral diário, controle de cio e coberturas, controle de parições, controle de receitas e despesas, (Guia Prático da Produção Intensiva de Leite/ Gestão da Qualidade 2007).
A Análise de produção e de custos é muito importante para se verificar como e se os recursos empregados estão sendo remunerados, Faria, (2007).

RELATO DE CASOS.

Faz. Liberdade Valença – RJ
4° distrito ( Pentagna )
Proprietário: Marco Antonio Fialho Duboc
Técnico : Marcelo Afonso da Graça Cândido
Período: julho 2007/junho2008
No ano de 2007, o período de seca na região do Médio Paraíba RJ, Valença, iniciou no mês de fevereiro e as precipitações só voltaram a ocorrer em novembro do mesmo ano.
Devido a débitos acumulados com ração e insumos durante quatro meses do ano de 2007, o pagamento ao produtor, feito pelo laticínio, foi de R$ 0,00 e a dívida aumentava em aproximadamente R$ 300,00 ao mês. Somado a este débito com o laticínio, o produtor tinha outro débito com o sistema financeiro de R$ 18.000,00, que havia sido adquirido para compra de vacas visando aumentar a produção, porém, sem planejamento e sem possuir alimentos de baixo custo financeiro, para ofertar aos animais, suas dívidas só aumentaram e seu empreendimento tendia ao fracasso
O produtor trabalhava como motorista para prefeitura de Valença e o seu salário, R$ 1.000,00 era utilizado para diminuir os débitos da produção leiteira, (dívidas com ração, mão de obra) e na sobrevivência da família.
O próximo passo do produtor seria vender parte da propriedade para a Prefeitura de Valença. O local seria destinado à  implantação de um “Lixão” . O proprietário desejava  adquirir com o dinheiro da venda mais um lote de vacas, que sem planejamento teriam o mesmo destino das vacas anteriores: o açougue. Ao ser apresentado ao Projeto e ao técnico do SENAR, Marcelo Afonso Graça Cândido, o produtor enxergou que não conseguiria sobreviver com o modelo por ele empregado. Decidiu entrar para o Projeto e se dedicar de, inteiramente, para que tudo desse certo, (Depoimento do produtor Marco A. F. Duboc, 2008).
Foi feita análise de solo, medida a área, início do controle zootécnico e Com a avaliação do rebanho, os animais que não se enquadraram nos parâmetros zootécnicos foram vendidos.
 Com a venda dos animais, comprou-se adubo, arame para montar o sistema de piquetes para cinco vacas que estavam com a melhor produção.
Em dezembro, época de pagar o décimo terceiro do funcionário, contabilizou-se e observou-se que o funcionário ganhava mais que o patrão.
 Foram vendidos dois animais para indenização do funcionário. Para sua substituição, foi comprada uma ordenhadeira mecânica em trinta prestações de R$ 200,00.
Com o auxílio do técnico, acordos financeiros foram feitos com o laticínio e o banco, equilibrando suas dívidas. Atualmente, sua dívidas não estão pagas, porém, estão equacionadas e com prazo para terminar .
Com a sistematização da área em piquetes e a racionalização do espaço, a área utilizada anteriormente, passou de 70 ha para 10 ha. A área disponibilizada pelo Projeto foi alugada por R$ 700,00.
 O resultado deste trabalho é a diminuição da emissão de CH4, pois, com um terço de animais se dobrou a produção de leite, e com o sucesso financeiro do empreendimento foi evitado que uma área produtiva se transformasse em um “lixão”.
A parte social foi contemplada, pois, o destino deste produtor seria perder toda sua área produtiva, sua identidade social, se transferir para o meio urbano e viver na periferia com sua família, (Cândido M. A. G. depoimento do técnico 2008).

Sítio Sto. Antônio, Vassouras – RJ
distrito de Pirauí
Proprietário: Jorge Gonçalves Medeiros Filho
Técnico : Carlos Otávio J. M. da Rocha
Período: maio2007/janeiro2009.

Como no primeiro relato, a época seca do ano de 2007, foi muito intensa. O produtor Jorge Gonçalves Filho, sua família e seu rebanho estavam sofrendo as conseqüências de uma seca prolongada que se instalou na região sul e centro sul fluminense.
A situação do empreendimento no início do trabalho era de total desânimo, pois, as dívidas se acumularam o rebanho estava muito magro, o produtor não tinha mais crédito e a perspectiva, para custear a sobrevivência da família e da propriedade. O produtor trabalhava de ajudante de pedreiro.
O produtor foi a uma palestra motivacional do Projeto Gerenciamento de Propriedades Leiteiras do SENAR/RJ onde tomou conhecimento das técnicas utilizadas para desenvolvimento de propriedades leiteiras. Foi apresentado ao Médico Veterinário Carlos Otávio J. M. da Rocha técnico do projeto.
Foi iniciado o trabalho no início da seca de 2007, quase não havia cana para alimentar então o primeiro passo foi salvar o rebanho da morte por fome.
Foi feita seleção dos animais que poderiam permanecer no rebanho, o excedente foi vendido para produzir recursos financeiros e diminuir o rebanho para passar o período seco.
O segundo passo, foi fazer a medição da área a ser utilizada no projeto, analise do solo e planejamento para o futuro do empreendimento.
Com o dinheiro da venda dos animais foi comprado adubo, e arame liso, o aparelho de emissor de choque.
Como o capital arrecadado foi pouco para as despesas planejadas o mourões foram feitos de bambu gigante e os isoladores utilizados foram feitos de gargalos de garrafas PET.
Como no relato anterior, esta propriedade é mais um exemplo de como diminuir o impacto da atividade leiteira no meio ambiente.
Houve diminuição de emissão de CH4, pois, o rebanho foi diminuído pela metade e a produção de leite foi multiplicada por seis,
Além disto, houve a utilização de insumos alternativos retirando resíduos dos seres humanos da natureza, (gargalos de garrafas PET).
No campo social, também ocorreram avanços pois o produtor já pensava em largar o campo e se dirigir para o meio urbano por falta de perspectiva na produção leiteira, após a entrada no programa, suas perspectiva mudou.


8. - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma vez que a produção de CH4 varia de acordo com a quantidade e qualidade do alimento ingerido, as várias modalidades e condições de sistemas de criação dos ruminantes implicam em fatores diferentes de emissão de CH4.
O fornecimento de alimentos de melhor qualidade é considerada uma das principais indicações para a redução da emissão de CH4 por bovinos. A possibilidade de maximizar a utilização de energia dos alimentos e o consequente aumento da produtividade animal, possibilita a redução na produção do gás por unidade de produto gerado. Além disto, é possível reduzir o tempo necessário para que o animal finalize seu ciclo produtivo, no caso do gado de corte. Entretanto, os vários aspectos envolvidos na cadeia de produção animal, no que se refere desde a produção de alimentos até a obtenção do produto final, devem ser considerados, elegendo sistemas que possibilitem a redução da emissão de gases poluidores para a atmosfera.
Programas como este do SENAR/RJ, devem ser estimulados, pois, com planejamento e algumas mudanças no dia-a-dia do produtor conseguem-se grandes avanços sociais, econômicos e financeiros, transformando situações adversas em sucesso.

PRODUÇÃO DE METANO RUMINAL POR BOVINOS E AÇÕES MITIGADORAS (Parte 1)

PRODUÇÃO DE METANO RUMINAL POR BOVINOS E AÇÕES MITIGADORAS

O crescimento da população mundial demanda aumento da produção de alimentos com consequente ampliação do rebanho bovino. Este crescimento consome recursos naturais que, em toda sua cadeia produtiva.
O atual modelo de produção acaba causando forte degradação ambiental que aliada à intensa atividade de urbanização, às atividades de combustão ou liberação de energia aprisionada em materiais orgânicos e às atividades crescentes de emissão de gases, intensifica o “Efeito estufa”.
No ambiente global, nossos principais importadores estão preocupados com a preservação do planeta. Ampliam-se barreiras a produtos que não observem a ideologia sustentável. Não compram mais carne vinda de áreas de derrubada de mata amazônica, e alguns já consideram a produção do metano ruminal por nossos bovinos como um fator limitante nas negociações. O Brasil deve se preparar para resolver este problemas procurando formas de minimizar a produção de  metano ruminal, antes restrições sejam impostas.
 É comum ouvir as pessoas comentarem que o “Pum da Vaca” esta promovendo o aquecimento global. Gostaria de informar a todos que a maior parte do gás produzido pelos ruminantes ocorre no rumem sendo liberado pela boca, ou seja, estamos falando de “Arroto da Vaca”.

EFEITO ESTUFA - O “Efeito Estufa” é a forma que a Terra tem para manter sua temperatura constante e dar condições a existência de vida na terra.
A radiação solar incide sobre a superfície terrestre, esta radiação ou é absorvida pela superfície terrestre ou é refletida para o espaço, passando pelo cobertor de gases e vapor de água que envolve a terra.

O GÁS METANO -  O metano é o hidrocarboneto encontrado na forma de gás denominado biogás ou gás dos pântanos, inodoro e incolor
Do total de metano no mundo, 60% da emissão é produto da ação humana, vindo principalmente da agropecuária.

O METANO RUMINAL - Os ruminantes possuem a capacidade para converter alimentos de baixa qualidade, (gramíneas ricas em fibras), em proteína bacteriana de alta qualidade e energia, através da fermentação anaeróbia do alimento, principalmente de tipo fibroso.
A digestão de gramíneas e leguminosas só é possível devido população microbiana do rúmen que promove a degradação da
O pH do rúmen é mantido em equilíbrio com a retirada do excesso de H2 pelas bactérias metanogênicas, principalmente as do gênero Archae Baker (1999).
Para o H2 ser eliminado, ele é ligado moléculas de CO2, formando NH4 que é expelido. Este processo é realizado pelas bactérias metanogênicas.
A retirada do H2 mantém o sistema em equilíbrio, pois, à medida que ocorre a fermentação dos carboidratos no rúmen, aumentam os teores de hidrogênio que, se não forem removidos, inibem os sistemas enzimáticos, prejudicando a digestão.
Animais consumindo dietas de baixa qualidade podem produzir mais metano por unidade de produto (carne ou leite) em relação aos animais de alta produção consumindo dietas de melhor qualidade em maiores níveis de ingestão.

ASPECTOS QUANTITATIVOS DA PRODUÇÃO DE METANO

A emissão de metano tem relação direta com a eficiência fermentativa ruminal, representa perda de carbono e consequentemente perda de energia, e pode resultar em menor desempenho animal.

No Brasil, o maior efetivo da pecuária é representada por bovinos (87% de gado de corte e 13% de gado de leite). Sendo contabilizado em 170 milhões de animais em 2001 (IBGE).