terça-feira, 14 de junho de 2016

O Ciclo PDCA na prática Por Ricardo Ferreira Godinho postado em 31/03/2016 milkpoint


 
No artigo anterior, apresentei a teoria a respeito do Ciclo PDCA e uma sugestão de passos para sua adoção. Como sempre vem a discussão entre teoria e prática, e seria longo colocar um exemplo de aplicação no mesmo artigo, optei por deixar o artigo deste mês apenas com a apresentação de sua aplicação, com números e fatos reais.

Entre os diversos problemas de uma fazenda, é preciso primeiramente dados e fatos para identificá-los, assim como foco para agir de forma a priorizar os mais impactantes, pois não dá para atuar de forma eficaz em todos os problemas ao mesmo tempo, embora na prática, sabemos que isso acaba acontecendo, e então vem aquela sensação de que estamos como bombeiros, "apagando fogo".

A assistência técnica tem papel muito importante neste processo, assim como as pessoas diretamente envolvidas com o problema, os quais poderão subsidiar aspectos técnicos e práticos. O problema escolhido para exemplificar será a Morte de Bezerras/Novilhas acima do desejado.

1° Passo – Conhecimento da situação atual

Fundamentado em dados e fatos, identificado o problema que se deseja atuar, agora é reunir o máximo de informações sobre o mesmo. No ano de 2010, o problema maior de mortalidade era na fase do nascimento até 60 dias (Gráfico 1).


Gráfico 1 - Percentual de mortes por faixa de idade de bezerras em 2010. Fonte: Arquivo do autor.

Os dados evidenciam que no ano de 2010 a maior mortalidade ocorria em bezerras com até 60 dias de vida (68,3%), e avaliando o processo de cria identificou-se que este número elevado era decorrente de falhas na colostragem e vacinação das vacas no período pré-parto. Na ocasião, as causas do problema foram identificados e feito um PDCA, sendo que o resultado pode ser constatado nos anos seguintes (Gráfico 2), no qual observa-se que esta mesma faixa etária representou em torno de 30% das mortes, e em 2015 representou 29,4% das mortes. Porém, a fase acima de 180 dias que em 2010 era 14,64% das mortes, em 2015 representou 36,8% das mortes, ou seja, antes o problema estava na fase de aleitamento/casinhas, e agora o problema mudou. Fases de criação diferentes, provavelmente causas diferentes.


Gráfico 2 - Percentual de Mortes e idade de Bezerras em 2013. Fonte: Arquivo do autor. Na Figura 1 observa-se que as principais causas de mortes, aplicando a Teoria de Pareto (tema abordado em artigo de julho - Controlar para decidir), cinco "causas" representam 79,4% das mortes e entre elas, a tristeza parasitária corresponde a 29,4%. Entretanto, em segundo lugar está a causa "desconhecida", indicando uma falha de diagnóstico da causa da morte (a maioria dos animais são necropsiados), falha no controle ou no lançamento dos dados. Em seguida com 11,8%, estão as mortes suspeitas de clostridiose.

Pelo Diagrama de Pareto, o segundo grupo com 4 causas das mortes, representam 11,8% e as demais 6 causas somam 8,8%. Ou seja, as causas a serem trabalhadas por prioridade são: Tristeza, Clostridiose, Diarreias, Pneumonias e as falhas que levaram ao alto número de causas desconhecidas, sendo que para este último, é necessário uma análise a parte, pois trata-se de um problema com causas distintas das ocorrências de doenças.


Figura 1 - Causas das mortes de animais jovens em 2015. Fonte: Arquivo do autor.

Analisando o controle sobre época, idade e data em que ocorreram estas mortes, observou-se que não houve uma estacionalidade nas ocorrências, e apenas a morte por tristeza parasitária chama atenção pelo maior número de ocorrências nos meses de setembro a dezembro. As mortes por diarreias ocorreram mais na fase até 60 dias de vida.

Os diagnósticos são realizados por meio de observação visual dos animais, medição da temperatura corporal e o uso do hematócrito, e eventualmente, análises laboratoriais. Soma-se a estes dados outras informações de manejo geral, nutrição e alimentação, tipos de protocolos de tratamentos realizados, como é realizado a desmama, como é feito a transição pós desmama, vacinações (tipos e época), controle do carrapato, resultados de análises laboratoriais (órgãos de alguns animais foram enviados para diagnóstico de agentes), tudo com o objetivo de conhecer o máximo sobre o problema que está sendo avaliado.

2° Passo – Identificação e avaliação das causas prováveis

Evite intervir nos processos de forma precipitada, com meras opiniões ou baseado apenas em experiência. Afinal, as decisões devem ser tomadas com base em fatos e dados confiáveis e atualizados. Dando continuidade ao exemplo, as possíveis causas foram:

• Falhas no controle de carrapatos;
• Dificuldade de diagnóstico das doenças;
• Contaminação das caixas d'água e cochos por fezes de garças;
• Resíduos de alimentos nos cochos dos animais;
• Demora para cura de umbigo de bezerras no pré parto;
• Falha da mão de obra ao executar os procedimentos de diagnóstico e tratamento;
• Falha nos controle dos tratamentos;
• Falhas na definição de dosagens e protocolos de tratamentos;
• Provável uso excessivo de medicamentos;
• Superlotação dos piquetes.

3° Passo – Geração e avaliação de alternativas de solução

Na avaliação de alternativas de solução, devem-se definir as soluções mais viáveis sob o ponto de vista técnico, econômico, levando em conta ainda a aplicabilidade de acordo com a realidade da fazenda, dos funcionários/produtor, e que estejam em sintonia com os objetivos da fazenda. Continuando com o exemplo:

1) Realizar treinamento de diagnóstico e tratamentos das doenças;
2) Adotar sistematicamente o uso de hematócrito para diagnóstico e monitoramento do tratamento da tristeza parasitária;
3) Realizar diagnóstico diferencial da babesiose e piroplasmose;
4) Eliminar a contaminação pelas garças;
5) Aumentar a frequência de limpeza das caixas d'água;
6) Limpar os cochos com mais frequência e eficiência;
7) Apertar calendário de vacinação contra clostridiose;
8) Melhorar /Agilizar a cura de umbigo;
9) Fazer treinamento sobre controle dos tratamentos.

Observe que as alternativas 3 e 4, estão em grifo porque apresentam obstáculos para sua implantação: a 3 pela inviabilidade atual de realizar o diagnóstico na fazenda, custo e distância de um laboratório, embora algumas amostras possam ser enviadas; e a 4, por ser animais silvestres, não há o que fazer com as garças, mas há como limpar e desinfetar melhor as caixas (alternativa 5), acrescentando a melhora na desinfecção das mesmas.

4° Passo – Planejamento das ações

Agora é preciso elaborar um plano de ação, isto é, o que deve ser feito, quem fará, como e onde fazê-lo, estabelecendo um cronograma das atividades e dimensionando quanto será necessário para que a ação seja efetivada, com o uso do 4Q1POC ou 5W2H. Voltando ao exemplo:

PLANO DE AÇÕES
Data elaboração: 26/01/16 Responsável Geral: Sandra
Objetivo: Reduzir a mortalidade de novilhas
Meta: Reduzir em 30% o número de animais mortos em 2016 em relação ao ano de 2015.


(clique para ampliar*)

Observe que cada item "O que fazer" da planilha 4Q1POC corresponde às ações identificadas e selecionadas no 3° Passo. Outra opção para este momento de planejamento é priorizar as ações mais impactantes e viáveis.

Etapa II do PDCA: D (Do = desenvolver, fazer, executar)

5° Passo - Implementação da Ação

Agora é mão na massa! Implantar as ações, fazer ajustes de datas e procedimentos se necessário. Planejar só no papel e deixar este planejamento na gaveta ou em um quadro a mostra não garante sua implantação. Agora é agir.

Etapa III do PDCA: C (Check = "checar", verificar)

6° Passo - Verificação

No exemplo em questão: o problema era a mortalidade de bezerras, principalmente pelas doenças selecionadas como as principais. Uma forma de verificar o resultado neste caso é verificar se as ações planejadas foram e estão sendo executadas a contento. Além disso, levantar os diagnósticos realizados, como as pessoas estão agindo, se as mudanças que foram realizadas no início, continuam sendo executadas, se foram incorporadas no dia a dia.

O monitoramento pode e deve ser feito durante todo o período e/ou processo. Estamos em março, e constata-se que em janeiro houve mortes de animais no período anterior a implantação do plano, mas em fevereiro após o treinamento sobre diagnóstico, nota-se uma pequena melhoria nos diagnósticos, as amostras estão sendo coletadas e enviadas ao laboratório, etc.

Etapa IV do PDCA: A (Action = agir)

No exemplo sobre a mortalidade de novilhas, no 6° Passo (verificação), constatou-se que nos meses de janeiro e fevereiro de 2016, ocorreram mortes de animais na faixa etária que se deseja atuar, as melhoras começam a ser percebidas, e ações como melhoria no diagnóstico e tratamentos já geraram resultados satisfatórios, o que evidencia que a avaliação das causas, busca e seleção de soluções e o plano de ação, foram feitos de forma satisfatória.

7° Passo - Padronização

No exemplo utilizado, se o processo como está sendo executado, está gerando resultados, ele pode ser padronizado, ou seja, as pessoas envolvidas devem continuar realizando as tarefas como foram planejadas. Assim, devem-se manter os protocolos de diagnóstico e de tratamentos das doenças, os cuidados de limpeza, enfim, todas as ações que foram planejadas.

terça-feira, 10 de maio de 2016

MANEJO ALIMENTAR E DE PASTAGENS NA ÉPOCA DE TRANSIÇÃO 2






O consumo de pastagem sofre interferência direta da quantidade fornecida de suplemento (independentemente do tipo de suplementação, se apenas concentrado ou concentrado e volumoso). Quanto maior for a quantidade fornecida de suplementos no cocho, menor tende a ser o consumo de pasto. Quem maneja pastagens, no verão, enfrenta um grande desafio: o estresse térmico. Mesmo trabalhando com animais cruzados com sangue zebu, como vacas girolando, tradicionalmente reconhecidas como animais mais resistentes e adaptados as condições tropicais do nosso país, não podemos negar o impacto negativo em termos produtivos, causado pelo calor.
É neste período que nos deparamos com os maiores erros de manejo. Em função do estresse térmico, muitos produtores acabam fornecendo quantidades maiores de suplemento no cocho, sob a prerrogativa de que “com o calor, as vacas ficam deitadas debaixo da árvore e consomem pouca forragem, e que é melhor ‘garantir’ a produção no cocho”. Essa atitude pode agravar ainda mais o consumo de pastagem via efeito substitutivo.
De fato, em qualquer sistema de produção, e pela natureza do comportamento animal de ruminantes (atavismo), temos uma tendência de queda no consumo de MS entre 10:00 e 16:00 horas, diariamente. Em condições de estresse térmico e muito calor, esse efeito comportamental é ainda mais pronunciado. É comum, em fazendas, não encontrarmos atividade de pastejo nesse intervalo, em dias de verão e calor intenso. 

Em termos práticos, a realidade que encontramos são fazendas com animais ordenhados logo cedo. Saem da ordenha e são suplementados. Por efeito substitutivo e calor atenuante, tendem a se deitar entre às 9:00 e 10:00 horas, após o consumo de suplemento, permanecendo em baixa atividade até o meio da tarde.

Muitas ordenhas acontecem a partir das 15:00 horas, ou seja, no momento em que poderíamos começar a ter uma melhoria na atividade de pastejo. No entanto, em muitos sistemas, a partir desse horário os animais são conduzidos, novamente, para a ordenha. Após a ordenha, recebem nova dose de suplementação. Nestes casos, temos um efeito substitutivo que pode inibir atividade de pastejo. Notadamente, esse efeito é menor no período da tarde. Logo, é importante que o pecuarista esteja atento às possibilidades de mudanças em seu manejo para ter melhor rendimento. Se durante o período da manhã os animais costumam comer bem a suplementação e depois descansar, uma estratégia pode ser oferecer uma maior quantidade de suplemento neste período. Com o pôr do sol e chegada da noite, e consequente redução na temperatura, o que notamos é uma melhor atividade de pastejo e consumo.
Logo, uma estratégia interessante de manejo no período da tarde é o fornecimento de uma “alimentação rápida”, para “convidarmos” as vacas para um pastejo mais eficiente no período noturno. Dessa forma, o produtor que trabalha com pasto e suplementação deve estar atento às mudanças que acontecem ao longo do ano e às possibilidades de mudança em seu manejo de acordo com cada cenário e desafio prático a ser enfrentado. O primeiro cuidado é com a quantidade de concentrado fornecida, e teores desse concentrado quando este é o único suplemento. O uso de rações comerciais compradas, com formulações “travadas”, nem sempre é a melhor opção ou opção adequada para uma dada qualidade de pastagem. O pecuarista deve estar atento sempre ao teor de energia e proteína, em média, que seu pasto produz numa situação de verão. Ao mesmo tempo, precisa ter consciência que a demanda de alimento varia de acordo com a produção de leite e estágio de lactação.



demandas sazonais

A qualidade do concentrado para animais mantidos a pasto no inverno, mesmo que com menor lotação, deve ser bem diferente do concentrado usado no verão. Concentrados para animais a pasto, no verão, precisam ser mais energéticos que protéicos. Muitos vendedores que comercializam rações e suplementos costumam fazer da “concentração protéica” (teor de proteína bruta) a “moeda de valor” ao abordarem produtores. No verão, com pastagens bem manejadas e adubadas, a preocupação com o teor de proteína da ração ou concentrado fornecido não é tão importante quanto o de energia. O contrário ocorre no inverno, ocasião em que o teor de proteína das pastagens cai abruptamente e, para animais mantidos em pastejo nessa época (menor lotação), devemos fazer uso de rações e concentrados ricos em proteína. Animais no terço médio e final de lactação tendem a consumir mais alimento com menor demanda por nutrientes (menos energia e proteína), ou seja, dietas menos densas. O contrário acontece com vacas em início de produção. Logo, por mais interessante que seja fazer uso de apenas um concentrado misturado na fazenda ou ração comprada, o produtor deve checar se não vale a pena segregar seus animais, qualificando melhor seu manejo. Um “concentrado padronizado” em determinadas
condições de manejo pode ser muito pouco eficiente. Para propriedades menores, com menos animais em produção, a subdivisão em vários lotes pode ser uma medida pouco prática. Todavia, para maiores quantidades de vacas em produção, essa subdivisão é mais do que necessária, e conseguimos facilmente justificar manejos mais elaborados com uso de produtos direcionados. Em sistemas de produção que trabalham com suplementação de volumoso é necessário cuidado ainda maior, pois o efeito
substitutivo pode ser maior. Procura orientar seus  clientes sempre a otimizar as vantagens comparativas de cada estação no decorrer do ano. Durante o verão, recomendamos a máxima exploração da pastagem, sem uso de suplementação com volumosos, se possível, visando a redução de despesas. A média individual pode ser menor nesse período, mas nossos esforços são direcionados visando a maior taxa de lotação possível e produção por área. No inverno, se necessário, optamos até pelo confinamento total de determinados lotes, e nosso objetivo se volta para a suplementação no cocho que promova a melhor média de produção. Esse raciocínio se aplica para as áreas do Brasil de maior latitude e maior estacionalidade de produção.

estação de “transição”
Na presente época do ano, que classificamos como período “de transição” entre estação chuvosa e seca, os cuidados devem ser redobrados. Apesar de ainda haver disponibilidade de forragem, de abril em diante a qualidade dos pastos tende a diminuir substancialmente, traduzida na queda do teor de proteína (%PB) e com aumento no teor de FDN, ou seja, uma pastagem com menor digestibilidade e palatabilidade. O reflexo direto é a queda da produção, mesmo com animais não apresentando nenhum sintoma físico aos nossos olhos (continuam “gordos e bem”).
Logo, o produtor atento deve avaliar a qualidade da sua forragem nessa época do ano, mesmo que ainda esteja verde. Deve se preparar para a redução da lotação dos seus pastos, decidir qual silagem vai abrir
e qual lote passará a consumir um pouco de forragem, confinamento parcial ou integral, para que a produção seja mantida. Outro detalhe importante que deve ser analisado é o período médio de lactação (DEL: dias em lactação) de cada lote em produção. É importante que os lotes sejam segregados pelo critério de produção de leite sem que o DEL seja esquecido. Se possível, toda propriedade deve ter um lote de vacas em início de lactação separado dos demais. A separação de multíparas e primíparas é muito importante, mas para sistemas a pasto, em muitos casos podemos criar um manejo complexo e pouco prático.A separação de vacas em início de lactação das demais deve ocorrer sempre que possível,
lembrando que o manejo de apartação e segregação de lotes em produção é muito mais importante de  realizado no cocho, no ato da suplementação, do que em situação de pastejo. Nossa recomendação técnica é sempre o delineamento de módulos de produção, de modo que cada lote seja, integralmente, manejado num módulo produtivo. Quando não é possível, optamos pelo manejo e segregação na linha de cocho. A mensagem final para produtores e técnicos envolvidos com manejo de pastagens e sistemas de produção a pasto é sempre estar atento aos detalhes de cada propriedade e fatores que possam afetar o consumo individual e, consequentemente, de um lote em produção. Pequenas medidas práticas, como: troca de concentrado (ao mesmo preço que o atual fornecido) de acordo com a qualidade da pastagem, apartação adequada de lotes, ou mesmo uma mudança no horário de ordenhas, pode fazer a diferença, sem impacto nos custos. O mesmo podemos dizer quanto a uma nova proposta de repartição de nutrientes (quantidade) nos horários de trato, sem se esquecer de focar, sempre, no treinamento e capacitação da mão de obra responsável pela condução de um módulo de produção, para que a realidade prática se aproxime ao máximo da idealizada.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

MANEJO ALIMENTAR E DE PASTAGENS NA ÉPOCA DE TRANSIÇÃO 1





Nesta época do ano, fim de março abril e início de maio, o número de horas do dia começam a diminuir, a temperatura começa a cair e, apesar dos pastos ainda estarem verdes sua qualidade já não é a mesma. Aumenta o teor de fibra, tem tendência a florir, seu crescimento diminui e sua qualidade nutricional decai. Por estes motivos é denominado de período “de transição” entre estação chuvosa e seca, os cuidados devem ser redobrados.
Com o fim do período chuvoso, as pastagens, em muitas regiões do Brasil, sofrem transformações. A produção começa a reduzir, a qualidade do pasto piora e não é possível mantermos mais as mesmas taxas de lotação do verão. Para que uma gramínea tropical se desenvolva, três fatores associados precisam estar em equilíbrio: água, luz e temperatura. Quanto maior for a oferta de água, o fotoperíodo (número de horas de brilho solar) e temperaturas, maior será a produção de um pasto. Além dos fatores climáticos, a produção de pastos sofre impacto das condições de fertilidade do solo (disponibilidade de nutrientes) e espécie manejada. 
Produção e qualidade
Este raciocínio está parcialmente correto, uma vez que, além dos fatores edafo climáticos (relação: terra, planta, atmosfera/ clima), a produtividade de pastagens é muito dependente das condições de manejo empregadas numa propriedade. Geralmente, erros de manejo são simples de ser corrigidos. Entretanto, na prática, nem sempre conseguimos atingir bons resultados, pois dependemos de treinamento e capacitação da mão de obra para condução adequada de um sistema de pastejo rotacionado.
Apesar de básico, o controle de altura de entrada e saída de piquetes ainda é um desafio para muitas propriedades. Cada espécie forrageira tem uma altura ótima de entrada e de saída dos piquetes, de acordo com o projeto delineado em dias de ocupação e período de descanso. O objetivo de colocarmos animais dentro de piquetes com altura adequada é o fornecimento de uma forragem de qualidade. Quanto maior for a altura de uma planta, e quanto mais massa é acumulada num módulo de produção, menor tende a ser a qualidade da forragem disponível. Infelizmente, quanto mais massa uma planta acumula com o passar do tempo, menor é o seu valor nutricional.
O ponto de corte ou pastejo de uma dada forrageira é sempre no ponto de intersecção entre o maior valor nutricional e maior produtividade.
Um conceito muito importante de ser avaliado é a diferença entre oferta de forragem (ou disponibilidade) e consumo animal. Muitos produtores associam uma produção elevada no pasto ao sucesso no manejo do seu sistema. Essa análise está errada, pois a nossa preocupação é direcionada ao consumo efetivo de matéria seca (MS) em sistemas rotacionados. 
A tabela 1 apresenta a altura de entrada e saída de diferentes forrageiras, além dos dias de descanso para diversas forrageiras.
forrageira
Altura de entrada (cm)
Altura de saída (cm)
Nº piquetes
Mombaça
90
30 a 50
28 a 35
Tanzânia
70
30 a 50
28 a 35
Elefante
100
40 a 50
32 a 46
Marandu
25
10 a 15
28 a 35
Xaraés
30
15
28 a 35
Tifton-85
25
10 a 15
18 a 21
Coast-Cross e Florakirk
30
10 a 15
18 a 21
             fonte EMBRAPA

 Os motivos que levam ao descontrole e erros de manejo em pastagens são diversos. Nossa experiência prática, no campo, acompanhando diferentes sistemas de produção, tem demonstrado que o sucesso no manejo de pastagens depende muito da capacitação da mão de obra responsável pela condução de um módulo de produção. suplementação alimentar.
Suplementação alimentar
Um fator muito importante que interfere muito na qualidade do manejo de sistema de pastejo é a presença e emprego de diferentes formas de suplementação. A suplementação geralmente é realizada com ração comercial pronta, comprada em lojas, cooperativas, fábricas, ou concentrados com formulação própria, produzidos na própria fazenda, quando esta compra diretamente insumos de fornecedores de matéria-prima. A suplementação geralmente é realizada o ano todo para fazendas de leite a pasto com melhores produtividades e condições de manejo. A suplementação se faz necessária ao conduzirmos sistemas de produção a pasto, pois o consumo de forragem é limitado pelo teor de fibra (mensurada em % fibra em detergente neutro ou FDN) em relação ao peso vivo de um dado animal. Logo, mesmo que fosse nosso objetivo, não conseguiríamos atender a demanda de nutrientes para produção de leite, com boa rentabilidade, sem fornecimento de concentrados.
Existem diferentes formas de suplementarmos animais em produção a pasto. A mais empregada é o fornecimento somente de ração ou concentrado em cochos individuais durante a ordenha ou cochos coletivos em alguns casos com canzis, pós-ordenha. Em algumas propriedades, além do fornecimento de concentrado, é fornecido volumoso e concentrado no cocho, também pós-ordenha. Logo, precisamos tomar cuidado quando classificamos sistemas de produção como: “sistemas de produção a pasto”. A nomenclatura mais correta seria, talvez, “sistemas de produção a pasto com suplementação”, ou “sistemas mistos” quando temos uma combinação de situações, como lotes sendo suplementados apenas com concentrados e lotes suplementados com concentrado e volumoso.
Em muitos casos, o fornecimento de volumoso no cocho atende uma demanda importante no manejo nutricional associada à saúde animal e manutenção de pH ruminal,essencial para boa digestão. Para sistemas mais intensivos e com animais mais produtivos a pasto, a quantidade fornecida de concentrado tende a ser maior. Nestes casos, não recomendamos o fornecimento, de uma única vez, de maiores quantidades de concentrado no cocho, sem pré-mistura com alimentos volumosos. No caso de sistemas mistos, a demanda de volumoso predicada em dietas é repartida entre a forragem fornecida no cocho, misturada ao concentrado, e o consumo de pasto. O desafio sempre está na quantidade de pasto consumida, diariamente. Em termos práticos, mensurar a quantidade fornecida e consumida de alimento no cocho (manejo de pesagem de sobras) é, relativamente, fácil. O mesmo não é possível em relação ao consumo de pastagem. A tabela 2 resume os tipos de manejo de pasto com fornecimento de suplementação.
sistema
suplementação 1
suplementação 2
Pasto Integral
Mineralização
Nenhuma
Pasto com Suplementação
Ração ou Concentrado
Nenhuma
Pasto com Suplementação (Misto)
Ração ou Concentrado
Forragem Conservada