quarta-feira, 7 de agosto de 2013

OVINOCULTURA





OVINOCULTURA
 (parte 1)

Caminho da pecuária de corte das regiões sul e centro fluminense
O consumo de carne de ovinos tem aumentado na região sudeste, em especial na cidade do Rio de Janeiro e Região Metropolitana. Isto cria uma demanda que pode ser aproveitada pelos pecuaristas do estado do Rio de Janeiro. 
Atualmente, a produção de carne no estado e no país não atende à demanda de consumo.
A tendência de crescimento do mercado faz com que a atividade se torne cada vez mais comum na Região.
Hoje a cadeia produtiva na região centro sul esta completa com todos os elos da cadeia existentes, (produção, abate e mercado consumidor), nossas propriedades tem tamanho ideal para criação de ovinos, deixando as baixadas para a produção de leite de vaca e as “saias de morro” para a criação de ovinos, já existe na região uma planta frigorífica em funcionamento e o que é melhor o mercado consumidor é enorme e esta esperando os produtos para serem consumidos. 
Então qual é o problema?
Esta cadeia ainda é muito frágil, pouco se produz na região e no estado existem poucas plantas frigoríficas à disposição dos criadores sendo que o elo mais forte é o mercado consumidor. A maioria da carne de cordeiro, consumida dentro do estado, vem de outras regiões do país assim como do Uruguai e Argentina.
A falta de conhecimento técnico provoca prejuízos advindos de gastos com medicamentos, ração, mão de obra, baixa produtividade e perda de animais, além disto, temos poucos produtores na atividade e a soma destes fatores torna os custos de produção muito altos.
Como não se tem um protocolo de atuação e são poucos os técnicos preparados para desenvolver a atividade dentro de nossa região, utiliza-se pouco pasto e muita ração em todas as fases da criação soma-se ainda, o controle de verminoses que é pouco eficiente.
A baixa produtividade e perda de animais aumentam os prejuízos com a atividade. Temos também poucos produtores presentes na atividade. Os custos de produção são muito altos.


Com este quadro descrito acima, chegamos as seguintes afirmações:
      Vende-se pouco porque não tem produção, não se tem produção por que se vende pouco.
    Em fim existem muitos fatores a favor e muitos contra apesar disto a atividade vem se        desenvolvendo.

 temos que aproveitar o momento da ovinocultura no sul e centro sul fluminense para desenvolver a atividade

COMO MUDAR ESTE QUADRO?
      Combate a parasitos.
    Preparando técnicos para atuar corretamente no campo ajudando o produtor a desenvolver bem sua atividade
  Desenvolver protocolo de atuação para a atividade tendo preocupação com o manejo nutricional, sanitário e do rebanho.
  Desenvolvendo e implantar sistema de pastejo rotacionado para as diversas categorias, determinando as melhores forrageiras e manejo para ovinos.
      Desenvolver uma alimentação adequada para as diversas categorias de ovinos pastando.
      Montar rações econômicas.

VERMINOSES


Um dos maiores desafios dos criadores de ovelhas e carneiros é evitar a perda de animais devido às verminoses, doenças causadas por vermes que podem levar à morte de até 50% do rebanho. Anemia, falta de apetite, cansaço e diarreia estão entre os principais sintomas das verminoses,
Haemonchus contortus Trichostrongylus colubriformis (Oliveira-Sequeira & Amarante, 2002).
A doença também pode ser identificada a partir do exame de fezes. Também é possível identificar os animais que precisam ser vermifugados a partir da observação das conjuntivas de seus olhos. Este método se chama Famacha.
O ciclo evolutivo desses parasitas compreende, as seguintes fases: Parasita adulto no trato gastrintestinal do hospedeiro definitivo, Ovos eliminados com as fezes, A doença também pode ser identificada a partir do exame de fezes.
Larvas eclodem e sofrem mudas (L1, L2 e L3) em aproximadamente sete dias. Larvas L3 (infectante) abandonam o bolo fecal e infectam o hospedeiro por via oral. As L3 não se alimentam e podem sobreviver por meses nas pastagens, dependendo das condições climáticas (temperatura e umidade). No tubo digestivo, as larvas infectantes sofrem mudança (L4).
Alcançam a fase de adulto jovem e adulto maduro sexualmente (de 20-40 dias após a ingestão, dependendo da espécie). As fases de vida livre desses parasitas, que compreendem desde a fase de ovo até L3, permanecem nas pastagens, sem sofrer a ação dos medicamentos. Essa população tem grande importância epidemiológica, porque mantém o caráter de suscetibilidade e contribui para a redução do caráter de resistência aos anti-helmínticos.
O uso de anti-helmínticos é a prática mais utilizada pelos produtores para controlar os parasitas gastrintestinais nos ovinos. Uso indiscriminado tem levado, no entanto, ao aparecimento de resistência genética dos endoparasitas (principalmente H. contortus) aos princípios ativos mais usados. O uso racional dos anti-helmínticos é de grande importância para o controle dos parasitas. A observação cuidadosa e frequente de todos os animais auxilia muito na identificação daqueles que estão clinicamente afetados.
Os animais apresentam apatia, mucosas anêmicas e, muitas vezes, edema submandibular.
O pesquisador Ramayana Braga explica que existem dois métodos para a utilização desses medicamentos.
“Um é o método geral, em que você vermifuga todos os animais”.
“O outro é o tratamento seletivo, em que se vermifuga apenas os animais que estão doentes”.
O segundo método traz a vantagem de ser mais econômico pois requer a utilização de quantidades menores do medicamento. jejum de cerca de 12 horas antes do tratamento e a utilização de doses corretas ajudam a melhorar a eficácia da medicação.
Vários fatores podem afetar a resistência do hospedeiro. A idade e o estado fisiológico são fatores muito importantes que já foram comentados.
A maior resistência de animais da raça Santa Inês aos helmintos em relação aos animais de raças europeias tem sido verificada (Amarante ET al. 2004; Rocha et al., 2005).
Os cruzamentos com as raças europeias podem afetar a suscetibilidade e, dependendo do sistema de criação, sérios prejuízos podem ocorrer. A utilização de raças mais resistentes e produtivas é um parâmetro importante no controle dos parasitas gastrintestinais.
A resistência individual dos animais também é observada Animais que apresentam infecção por helmintos devem ser identificados e eliminados dos rebanhos.
O uso de pastejo rotacionado com a utilização de espécies forrageiras com alto valor nutritivo, adaptadas à região diminui a ocorrência de infestação e que não favoreçam o desenvolvimento das larvas de helmintos, também ajuda ao controle da infestação dos animais por vermes.
A Fazenda São Fernando localizada no distrito de  Massambara, Município de Vassouras estão sendo feito testes com o uso de torta de Nim dada   na ração.
Como vimos um dos maiores gargalos da ovinocultura em nossa região é a verminose. Sendo que a vermifugação de animais realmente infectados é altamente recomendável. Por dois motivos : diminui custo de produção e o aumento da resistência dos vermes aos vermífugos.

PROCEDIMENTOS ÚTEIS, NA REVERSÃO DA RESISTÊNCIA DOS VERMES AOS PRICÍPIOS ATIVOS EXISTENTES NO MERCADO.
a)  Utilizar técnicas (OPG, Método Famacha) para vermifugar somente os animais que realmente precisam de tratamento,
b)     Evitar a troca frequente de vermífugos com diferentes princípios ativos;
c)      Alimentação equilibrada com teores de nutrientes na necessidade dos animais.
d)     Realizar mudança lenta dos grupos químicos de vermífugos(mínimo de 1 ano);
e)      Monitorar mensalmente 10 % do rebanho, para a realização de exame de fezes (OPG).
f)       Testar a eficácia do vermífugo, utiliza-se o teste de redução do OPG.
g)      Vermífugo poderá ser considerado eficaz se o resultado for acima de 90%. Abaixo deste valor, acredita-se que os vermes estejam resistentes ao vermífugo utilizado.
h)     Pesar os animais e dividi-los em grupos para administração correta da dose.
i)     Animais recém adquiridos devem ser vermifugados antes de serem introduzidos no rebanho;
j)  Vermífugos orais, os animais devem ser vermifugados em jejum de 10 a 12 horas, mantendo-os somente com água por outras 6 horas após a aplicação;
k)     Fêmeas prenhes devem ser vermifugadas 30 dias antes do parto.
l)        Animais muito anêmicos em função da verminose devem receber complexo vitamínico, ferro e alimentação rica em proteína bruta antes da vermifugação;

O MÉTODO FAMACHA
      É avaliado o grau de anemia individual
      Compara-se a coloração da conjuntiva do animal com um cartão que contém colorações que correspondem a cinco graus de hematócrito ou de anemia 

Grau Famacha
Coloração
Hematócrito %
Atitude clínica
1
vermelho robusto
27
não tratar
2
vermelho rosado
23 a 27
não tratar
3
rosa
18 a 22
tratar
4
rosa pálido
13 a 17
 tratar
5
branco
< 13
 tratar
Somente em propriedades onde predomina o verme causador de grande anemia, Haemonchus contortus